Universidade Aberta do Brasil – UAB/UnB
Instituto de Artes
Departamento de Artes Visuais
Licenciatura em Artes Visuais
Projeto Interdisciplinar de Ensino e Aprendizagem 2
Professor Tutor: Letícia Teixeira Levenhagen Clébicar
Professor Presencial: Carmem Cesarina Braga
Discente: Raimunda Figueiredo de Souza Matrícula: 08/75481
Pólo de Rio Branco – Acre 25/11/11
Este trabalho constitui-se de um apanhado da aplicação do projeto: Artes Visuais: Leitura de imagem e apuração do olhar para o ensino da arte. A princípio o projeto foi elaborado para ser aplicado na Escola Berta Vieira de Andrade para o 9º ano, mas como no período que foi disponibilizado para a apresentação coincidiu de que a escola estava toda envolvida com um projeto trabalhando a conservação do ambiente escolar, não foi possível a minha participação. Com isto, procurei outra escola e encontrei as portas abertas na escola Iza Mello e o projeto foi aplicado para alunos do 5º ano. A experiência de trabalhar com o 5º ano foi muito boa até porque no período do meu Estágio Supervisionado já tinha trabalhado com o 9º ano e os alunos do 5º ano estão saindo para o 6º ano sem ter um contato mais próximo com a arte, até porque eles são levados a ver a arte simplesmente como enfeitadora de pátios e capas de provas.
Trabalhar através de projetos é muito bom, porque amplia novas expectativas e alude a mentalidade dos alunos que estão acostumados somente com o quadro negro e o giz. Qualquer outra forma de ser trabalhado determinado assunto utilizando novas tecnologias, desperta nos alunos a percepção critico reflexivo para uma observação mais apurada.
Quando adentramos a sala de aula muitas das vezes encontramos alunos que nem sabem que no seu próprio município a arte está por todos os lados. Os alunos pensam que arte é somente aquela que está dentro dos museus, as quais eles nem podem tocar. Essa oportunidade de colocar formandos dentro das escolas para aplicarem projetos envolvendo a arte tem se constituído uma fonte de muita informação. Temos acompanhado até trocas de idéias e cópias dos projetos para aplicabilidades futuras através dos regentes de sala.
O tema Leitura de imagem e apuração do olhar para o ensino da arte possibilita o aluno a perceber a grande disseminação de imagens que permeiam seu convívio. O projeto visou estabelecer uma reflexão sobre a questão da imagem que permeia o mundo contemporâneo, que faz parte da percepção visual do homem do século XXI. Para que se compreenda melhor as intenções do projeto, é necessário compreender o conceito de leitura de imagens que pode ser ampliada para um processo de decodificação e compreensão de expressões formais e simbólicas que envolvem componentes sensoriais, emocionais, intelectuais, neurológicos, quanto culturais e econômicos. É preciso compreender ainda, que o termo leitura de imagens tem sido fato de estudos entre os teóricos, que buscam dentro do contexto escolar a educação do olhar ou a alfabetização visual.
Com isto, a oportunidade de apresentar aos alunos do 5º ano a importância que as imagens cotidianas ou Obras de arte tem de passar conhecimentos seja de tempos passados e/ou atuais, demonstra que minimizar o usos das imagens dentro do contexto escolar é deixar de lado uma das fontes de linguagem mais antiga que a escrita. Atualmente os alunos do 1º ao 5º ano tem sido deixados de lado em relação à leitura de mundo e são levados a fazerem verdadeiras maratonas de cópias de textos e/ou cópias de desenhos polindo assim suas potencialidades.
Aplicar um projeto como este que busca interagir com o aluno e professores para uma visão mais profunda da importância da arte dentro do contexto escolar, já dá ênfase a outras possibilidades dos professores dos anos acima citados terem sensibilidade para observarem que a arte não está reservada apenas para o ensino fundamental do 6º ao 9º ano e ensino médio.
De acordo com a inserção da denominação Arte na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN nº 9394, de 1996, no seu art. 26, § 2º p. 23, demarca uma mudança efetiva, com significativas rupturas e algumas continuidades na maneira de conceber e ensinar as Artes Visuais na contemporaneidade. O § 2º afirma: “O ensino de arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica[1], de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.” Revogada a legislação anterior a denominação “ensino de Arte” é adotada no lugar de “Educação Artística” conforme vinha sendo chamada esta disciplina escolar desde a Lei de Diretrizes e Base 5.691/71. Mudanças que começaram a ser gestadas a partir da década de 1980, quando vigorava o termo Arte-educação em contraposição à Educação Artística. Então, não podemos deixar de fora essa imensidão de conhecimentos culturais que a arte nos lega. Assim já dizia Hernández:
“Um mundo onde o que vivemos tem muita influência em nossa capacidade de opinião, é mais capaz de despertar a subjetividade e de possibilitar inferências de conhecimento do que o que ouvimos ou lemos”. (Fernando Hernández, 2007, p. 29).
Sendo assim, é dentro do contexto escolar que a arte tem que ser explorada de tal maneira que envolva os educandos a tornarem críticos e participativos no mundo em que vivem.
Levar para o contexto escolar as imagens do fotógrafo Sebastião Salgado foi de suma importância para que os alunos percebessem que a história envolve muito além dos quatro cantos de seu olhar e que é importante a interdisciplinaridade entre as disciplinas ampliando seus conhecimentos.
Com isto, é necessário estar sensível e consciente que não se pode deixar de reconhecer o potencial da comunicação visual das imagens no contexto educacional, social, político, religioso e familiar. É notório identificar/perceber que a imagem é capaz de atingir todas as camadas sociais quando ultrapassa as diversas fronteiras sociais pelo alcance do olhar. De certa forma, a visão vem antes da palavra. Martins afirma que:
É fundamental relevância que o professor utilize diversas imagens em suas aulas. A leitura de imagens é um canal para o ensino de Artes, mais especificamente o conteúdo de arte visuais, pois, ao propor atividades como a leitura de imagens, o professor estará propiciando às crianças o desenvolvimento da percepção, observação atenção, análise, senso crítico, senso estético dentre outros. (1998, p 74)
Assim, tratar as imagens como meras ilustrações seria um engano grotesco, porque elas estão carregadas de informações sobre a realidade, a cultura e o mundo em que vive determinado povo. Elas estão carregadas de intenção, o desafio é descobri-las. Por isso, acredita-se que é dentro do ambiente escolar onde as imagens devam ser trabalhadas/exploradas.
Cabe, em primeiro lugar, às instituições de ensino a responsabilidade de dar às pessoas os meios de familiarização com a arte e os conhecimentos sobre os diferentes códigos das linguagens artísticas. Cada arte é 15 estruturada a partir de códigos9 particulares, e sua compreensão vem do hábito das pessoas em apreciá-la e dos conhecimentos adquiridos sobre ela. (Zagonel, 2008.p.20)
Com esse apanhado de informações acerca da imagem e o grande número de imagens que estão sendo trabalhadas nos livros didáticos, bem como o potencial que a imagem tem sobre o homem, é de suma importância que haja outros projetos envolvendo a imagem.
Foi dentro do contexto escolar que pude perceber no olhar das crianças a necessidade de se trabalhar a disciplina de Arte no ensino fundamental do 1º ao 5º ano. É hora de utilizar tudo o que de melhor a arte pode transmitir e explorando a visão do aluno através das imagens o conhecimento dos alunos sem dúvida será ampliado. É momento dos professores se unirem para que a educação esteja realmente entrelaçada e não cada professor cuidando do seu interesse.
A experiência que tive com o PIEA 2 foi de grande importância para eu ver que posso contribuir dentro do contexto escolar com os alunos levando principalmente para a sala de aula a interação entre aluno e vivencia, história e arte, geografia e arte, português e arte, etc
Dentro da sala de aula pude apresentar a biografia de Sebastião Salgado. Os alunos não o conheciam e não conheciam nenhum artista acreano ou rio-branquense, o que me entristeceu ao perceber que eles não estão tendo contato com o mundo da arte. Com essa observação, este projeto repercutiu junto aos professores e coordenadores que o estão utilizando hoje dia 25/11/11 no projeto de Leitura de mundo – A apuração do olhar para o mundo da arte. Essa já é uma pequena participação acolhedora para a arte enquanto disciplina nos anos iniciais da vida do aluno. Acredita-se que se o aluno tiver contato com a arte desde seus primeiros anos iniciais, ele crescerá educacionalmente sabendo explorar seus potenciais artísticos.
O projeto para mim foi muito significativo, pois podemos notar claramente se estamos ou não no caminho certo. Se queremos ou não ser professores. Essa é uma profissão muito árdua pelo observado, mas muito prazerosa. É gratificante ver os alunos aprendendo, perguntando, questionando. Quando estamos somente cursando as disciplinas e vendo somente a parte teórica, nossa mente fica um tanto que alusiva. Agora, quando vamos para a sala de aula manter contato com o aluno, nosso coração pula de alegria quando contribuímos um pouco com seus conhecimentos.
Essa experiência que tive me levou a pensar no contexto escolar com muita responsabilidade, porque nessa profissão podemos matar 40 alunos de uma vez por falta de responsabilidade enquanto o médio mata um por vez. É uma responsabilidade muito grande estar dentro do contexto escolar e sem dúvida devemos refletir muito.
[1] A educação básica é formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio (LDBEN nº 9.394, art. 21).
Texto apresentado aos alunos
CONHECENDO O FOTÓGRAFO E ARTISTA SEBASTIÃO SALGADO
Fotógrafo mineiro (8/2/1944-). Um dos principais nomes da fotografia mundial na atualidade e o profissional brasileiro de maior projeção internacional, com uma obra caracterizada pela estética em branco e preto e pelo retrato do homem excluído. Sebastião Ribeiro Salgado nasce em Aimorés e, aos 16 anos, vai para Vitória, no Espírito Santo.
Forma-se em economia pela Universidade do Espírito Santo em 1967. Torna-se mestre na mesma área pela Universidade de São Paulo (USP), em 1968, é doutor pela Universidade de Paris, na França, em 1971. Muda-se então para Londres, Reino Unido, onde mora até 1973. Nesse período, viaja a serviço para a África diversas vezes, aproveitando para fotografar.
Volta a Paris e começa a atuar como repórter fotográfico free lance. Trabalha para a agência Gamma a partir de 1975 e, em 1979, ingressa na Magnum. Em 1981, durante uma reportagem para o jornal The New York Times, é o único profissional a registrar o atentado ao presidente norte-americano, Ronald Reagan, fato que lhe dá grande destaque internacional.
ALGUMAS FOTOGRAFIAS DE SEBASTIÃO SALGADO APRESENTADAS AOS ALUNOS
Leitura feitas pelos alunos
Foto 4 Sebastião Salgado
510 × 331
510 × 331
“Meu Pai, quanta humilhação! Será que os governantes não vêem essa tristeza? Isso aí é um ser humano se arrastando com cachorro atrás de um homem que leva comida numa sacola. É triste ver que existem pessoas que passam por isso. Eu jamais vou querer passar pro essa situação, muito menos minha família. Ainda bem que meu pai traz todos os dias comida para minha casa”. Aluno “A”
"Vejo uma pobreza muito grande. Acredito que esse garoto já não tinha mais nada para comer em sua casa e saiu pelo deserto atrás de algum alimento. Vejo que ele matou um pássaro e sem dúvida levará para a família comer com ele. Penso até que ele tenha uns 8 irmãos. Esse pássaro será pequeno, mas eles vão se entender e dividir, se Deus quiser. Aluno “B”
Foto 2 Sebastião Salgado
510 × 711
510 × 711
“Nossa que horror! É uma imagem muito triste. Essa criança está desnutrida. A cabeça dela é muito grande para o corpo. Seus braços e pernas são raquíticos.
um ser humano assim. Meu Deus! Dê a essa criança a oportunidade que o Senhor me deu. Ajude ela a sobreviver e ser um líder político pra mudar a vida financeira de outros”. Aluno “D”
Essas foram leituras que gostaria de registrar. São as expressões dos alunos. São formas de ver. São suas leituras de imagens. Existem muitas outras porque tinha na sala 35 alunos e cada um recebeu seu mini portfólio. Esse portfólio vinha a imagem e o espaço para eles fazerem suas leituras. Os portfólios foram usados no projeto da escola demonstrando a leitura que os alunos fizeram e suas produções textuais já que o projeto da escola envolve arte e leitura. Fui privilegiada a aplicar esse projeto na escola Iza Mello e poder ver minha participação na exposição me deixou gratificada.
AGRADECIMENTOS
Obrigada meu Deus por mais essa conquista. Obrigada a professora Maria de Lourdes minha diretora pelo total apoio. Obrigada Letícia pelas orientações. Obrigada minha família pelo amor e carinho.